quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Análise do Plano Tecnológico sob uma óptica critica



A afirmação " Muitos alunos não terão jantar na mesa, mas terão a tecnologia para esquecer esse jantar que não chegou." parece-me muito sábia!

Esta é a realidade com que me deparo todos os dias enquanto professora. Lecciono a disciplina de TIC na escola de Apelação, escola essa que foi criada em 1998 para responder ás necessidades sociais da bairro então ali implementado na altura, a Quinta da Fonte (muito conhecido pelo tiroteio em Julho).

Tenho alunos que se sentem mal na sala de aula porque não almoçaram ou não tomaram o pequeno almoço. Alunos que desaparecem durante semanas porque foram espancados pelo pai ou padrasto alcoolico!

Alunos com total abandono afectivo de pai e mãe e que vivem literalmente sozinhos á margem da delinquência!

Estes problemas sociais não se resolvem de maneira nenhuma com a oferta de um computador, nem acredito sinceramente que ajude sequer a atenuar os seus medos!

Como pode um aluno que não se alimenta, ou que vê o pai espancar a mãe em casa (quando não é também a ele) ter capacidade de concentração em sala de aula?

Poderemos nós exigir destes alunos o mesmo que exigimos de um aluno dito "normal"?

Penso que, nesta realidade por exemplo, existe uma serie de outros factores que devem ser tidos em conta antes do PTE, este seria apenas a cereja em cima do bolo...mas antes disso ha que construir esse bolo!

Estes alunos frequentam a escola, pois é um escape para fugir ao bairro!

Então porque não resolver primeiro uma serie de questões sociais aqui subjacentes e então depois pensar em "Choque tecnologico"?

Claro que me refiro a minorias e a grupos desfavorecidos...mas se é assim, não se pode dizer que o PTE é para todos...como se diz na giria, "estamos a tapar o sol com a peneira"

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